A sustentabilidade é mais do que um objetivo grandioso: como a gestão urbana pode fortalecer a resiliência a desastres climáticos e simultaneamente melhorar a saúde e o bem-estar dos cidadãos a curto e largo prazo
DOI:
https://doi.org/10.47626/ths-2025-0006Palavras-chave:
Resiliência, políticas públicas urbanas, prevenção, ação intersetorial, avaliação de impactos na saúdeResumo
A resiliência a eventos climáticos extremos em uma cidade depende de políticas em diferentes setores econômicos, como transporte, uso do solo, habitação, alimentação, gestão de resíduos ou energia, e não apenas de medidas de resposta ou da capacidade da defesa civil. As políticas nesses mesmos setores podem igualmente prevenir as principais causas de morte, como doenças não transmissíveis e aquelas transmitidas por vetores. Há, contudo, pouco engajamento com as conexões entre políticas urbanas e seus impactos sistêmicos, ou seja, como políticas executadas em um setor específico causam riscos e benefícios em outras áreas, e qual o impacto total nas populações urbanas e na cidade. A falta de consideração desses benefícios e custos, considerados externos pelo setor que gerou a política, podem frequentemente causar custos desnecessários para a sociedade e levam à ineficiência nos investimentos urbanos. Este artigo analisa as políticas urbanas nos setores acima mencionados em diferentes países com relação à resiliência aos riscos climáticos e à prevenção de doenças, identificando onde há sinergias e antagonismos. São discutidos os mecanismos de governança que apoiam a ação sinérgica e a necessidade de um engajamento mais amplo na construção de cidades mais seguras e saudáveis para todos. A experiência recente com as enchentes em Porto Alegre e em outras cidades do Rio Grande do Sul mostrou como as medidas de resiliência que carecem de uma visão sistêmica foram insuficientes e salienta a necessidade de uma reflexão ampla. Este artigo argumenta que a implementação de uma tomada de decisão integrada e intersetorial tornaria Porto Alegre e outras cidades que enfrentam riscos climáticos lugares mais seguros, mais saudáveis e mais habitáveis, melhorando a equidade na saúde e a eficiência no uso de recursos públicos e privados.